O Programa de Feminismo de Dados da DPA, em colaboração com a Eureka, realizou recentemente o novo workshop “(Re)velando a Violência de Gênero Facilitada por Tecnologias: Da Conscientização à Ação” na Cryptorave (São Paulo). Este workshop explora a violência de gênero facilitada por tecnologias, destacando como as plataformas digitais intensificam os ataques contra mulheres e pessoas de gênero diverso, reforçando desigualdades sistêmicas.
Durante uma sessão prática, utilizamos uma metodologia única desenvolvida pela Eureka. Descubra mais sobre essa iniciativa abaixo.
Sobre o workshop
Este workshop interativo explorou a violência de gênero facilitada por tecnologias — um problema persistente que afeta mulheres e pessoas de gênero diverso nos espaços digitais. À medida que a tecnologia molda cada vez mais o engajamento público e a segurança pessoal, a violência online contra mulheres, pessoas de gênero diverso e outros grupos sub representados tem se intensificado, silenciando vozes e reforçando desigualdades sistêmicas.
Projetado para fomentar a análise crítica, o workshop utilizou narrativas de ficção e não ficção para engajar participantes em discussões sobre a evolução da violência digital, suas interseções com o gênero, os sistemas que a sustentam, bem como os perfis e motivações dos agressores.
A sessão foi estruturada em torno de dois eixos centrais de discussão. O primeiro, “Revelando a Violência de Gênero Facilitada por Tecnologias”, examinou as percepções e reações emocionais dos participantes ao termo. A partir de leituras e documentários selecionados, exploramos as diversas formas e consequências da violência digital, com ênfase especial na compreensão dos comportamentos, motivações e influências dos agressores.
A segunda discussão, “Da Conscientização à Ação”, focou em soluções — analisando marcos legais existentes, iniciativas de base e lacunas políticas, ao mesmo tempo em que enfatizou a mudança de comportamento e o diálogo construtivo. Participantes trabalharam em grupos representando diferentes setores, como academia, sociedade civil e políticas públicas, para desenvolver coletivamente estratégias de intervenção e propor caminhos concretos de resistência.
Alinhado a uma abordagem de “edutenimento” e à concepção de “educação popular” de Paulo Freire, o workshop integrou ferramentas tecnológicas para inspirar reflexão e imaginação. Participantes foram convidades a criar seus próprios “Momentos Eureka” — imagens adicionadas à plataforma Eureka — por meio de um exercício criativo e especulativo de visualização de futuros digitais livres de violência. Esses momentos representaram as visões de participantes para espaços online mais seguros, juntamente com as políticas, tecnologias e ações coletivas necessárias para torná-los possíveis.
Ao combinar reflexão pessoal, diálogo comunitário e resolução estruturada de problemas, o workshop promoveu um senso compartilhado de responsabilidade e ação. Em vez de se concentrar apenas nos danos da violência digital, o espaço ofereceu oportunidades de colaboração, pensamento estratégico e de (re)imaginação da tecnologia na construção de ambientes digitais mais seguros e inclusivos.
Livros e Filmes utilizados no workshop
Os trechos de filmes escolhidos para os workshops foram extraídos:
- Do documentário “15 Minutes of Shame”, ou “15 minutos de vergonha” (2021), dirigido por Monica Lewinsky e Max Joseph, que examina a “cultura do cancelamento” e como esse fenômeno afeta pessoas além do ambiente digital.
- Do documentário “Another Body”, ou “Outro corpo” (2023), dirigido por Sophie Compton e Reuben Hamlyn, que aborda o perigo crescente da pornografia deepfake ao explorar o caso de uma sobrevivente e as implicações do acontecimento em sua vida.
Do livro “Querido Babaca” (2024), escrito por Virginie Despentes, que narra a relação entre três personagens: Rebecca, uma atriz famosa que sente o peso do ethos da indústria cinematográfica; Oscar, um escritor envolvido em um escândalo do MeToo; e Zoe, uma feminista que foi agredida por Oscar.
A CryptoRave é um evento anual que reúne uma variedade de atividades ao longo de 24 horas, com foco em segurança, criptografia, hacking, anonimato, privacidade e liberdade online. Inspirado por um movimento global e descentralizado, o evento tem como objetivo disseminar e democratizar o conhecimento e os conceitos básicos de criptografia e software livre. A edição deste ano foi realizada em São Paulo entre os dias 17 e 18 de maio.
A DPA esteve representada por Anna Spinardi (Diretora de Feminismo de Dados) e Amanda Quitério de Gois (Oficial de Comunicação e Pesquisa).
Ao final do workshop, participantes foram convidades a registrar e compartilhar suas reflexões — a partir do livro, dos documentários e das conversas em grupo — por meio de composições visuais feitas à mão. Utilizando materiais como revistas, imagens impressas e palavras recortadas levadas à sessão, cada participante criou um “Momento Eureka”: uma representação pessoal e tangível de sua compreensão e visão. Esse processo manual destacou o valor da presença e da criação coletiva, resgatando a sensação de tempo compartilhado e de agência por meio da expressão física e artesanal. Em seguida, participantes foram convidades a subir suas imagens na Plataforma Eureka, conectando o analógico e o digital em um gesto de continuidade e conexão.
Explore abaixo Momentos Eureka criados durante o workshop.
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